Internacionalização da Amazônia
Palavras do Candidato à Presidência da República Federativa do Brasil pelo PDT, enquanto Senador da República, Cristovam Buarque.
Este texto já é bastante rodado. Já chegou em caixas de e-mail e postado em vários outros blogs, páginas sobre o assunto e grupos de discução inclusive de outros países. Mas muita gente ainda não tem conhecimento dele.
Neste ano de eleições, é muito importante saber o que pensam os candidatos ao cargo mais importante dos três poderes que regem o governo do nosso país. Cristovam Buarque é um deles e em sua história política consta que ele já ocupou o posto de Governador do Distrito Federal e Ministro da Educação, além de Senador.
As palavras abaixo foram ditas em um debate ocorrido em setembro de 2000, em Nova York, respondendo a questão da internacionalização da Amazônia. A pergunta partiu de um jovem que pediu para ele respondê-la sob a ótica de um humanista e não de um brasileiro.
O então Senador Cristovam Buarque respondeu a tal questão com tamanha elegância, firmeza e inteligência que me deixou pasmo. Uma resposta muito bem construída. Vale muito a pena ser lida. É um verdadeiro esculacho a todo mundo que pensa na possibilidade da internacionalização da Amazônia, mas principalmente nos americanos. Acompanhem:
"De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso. Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade. Se a Amazônia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço. Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação. Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar que esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural Amazônico, seja manipulado e instruído pelo gosto de um proprietário ou de um país. Não faz muito, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele, um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.
Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua historia do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro. Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.
Defendo a idéia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de comer e de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro. Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa. Só nossa!"
Esta matéria foi publicada no "New York Times", "Washington Post", "Today" e nos maiores jornais da Europa e Japão. No Brasil consta que este artigo chegou a ser publicado no jornal "Correio Braziliense" em outubro de 2000, mas não teve nenhuma divulgação além desta...
Não estou pedindo para ninguém votar 12 para Presidente em outubro por causa deste texto. Até por que eu vou é votar 50. Mas é sempre bom divulgar as boas atitudades tomadas por brasileiros perante a comunidade internacional, ainda mais quando se trata em defender algo tão nosso quanto o território brasileiro. Mas lembrem-se sempre disso: Não é por que a Amazônia é brasileira que nós podemos destruí-la! Zelar pelo nosso lar não é mais que nossa obrigação. Até os panamenhos já sabem disso.
Texto gentilmente doado pelo Trankeronildo do Trankera.org. Valeu Trankeronildo!
realmente uma resposta a altura de um debate internacional. eu também já dei respostas magnificas em debates internacionais. o collor, o fhc e até o lula já nos surpreenderam, mas ainda não sei ao certo em quem votar nestas eleições.
Posted by Anônimo | segunda-feira, 10 julho, 2006
Boa resposta!!!Mas sabemos que este tipo de propaganda, textos, etc só aparece no ano de eleição!!!!Vamos ter que pensar muito bem antes de votarmos esse ano!!!!Até
Posted by Anônimo | segunda-feira, 10 julho, 2006