Acordando do Pesadelo
Descobri que a seleção perdeu o jogo por causa de mim.
OBS.: Tudo que estiver em negrito engloba causa ou consequência da derrota brasileira na visão de um superticioso incompetente como eu.
É galera. O motivo de eu ter ficado 2 dias sem nem ligar o computador foi o jogo (derrota) do Brasil na Copa. Acordei agora.
Não vou dissertar sobre como a seleção jogou mal, que Parreira é burro, etc. Até por que, muita gente já está falando sobre isso. Chega!
Acredito mesmo que a culpa foi minha, e quem também é superticioso vai na minha. Eu assisti todos os outros jogos do Brasil em casa ou na casa da minha avó, bebendo refrigerante, vestindo minha camisa da seleção, meu chinelo verde-amarelo, deitadão no sofá e chingando bastante o jogo todo. Mas no dia do jogo decidi ir assistí-lo na quadra da Escola de Samba Portela lá no bairro de Madureira, zona norte do Rio. Isso fica a mais ou menos 1h de onde o Noel mora, mas de trêm se transforma em 1:30 h.
No site dizia que serviriam uma feijoada antes do jogo, sendo que nem gosto dessa iguaria da culinária brasileira. Na verdade, não suporto. Mas como uma amiga veio de Angra especialmente para me levar para assistir o jogo lá, eu fiquei sem graça de dizer que não iria. Então lá fui eu, de calça Levi's Slim Jeans e tênis Puma Avant. Isso é tipo um uniforme pra mim, mas uniforme do dia-dia e não de jogo do Brasil.
Chegando lá, até que gostei do lugar. É bem melhor que a quadra da Escola de Samba Acadêmicos de Santa Cruz aqui perto de casa. Mas o lugar estava meio fazio, mas não o suficiênte. Tinha um francês lá, com direito a camisa de Zizou e tudo.
Eu estava cheio de fome, então procurei uma segunda opção de alimentação e descobri que tinha uns petiscos mas só depois das 15:30 quando acabariam de servir a feijoada. Beleza, enrolei a fome com cerveja. Às 15:30 lá vou eu pedir meu prato, rapidamente a mulher me entregou um pratinho de plástico pequeno com algumas carnes, arroz branco e maionese. Isso tudo por apenas R$ 5, 00! Tudo bem, era dia de jogo do Brasil, eu estava feliz e pedi outro (não por estar feliz e sim por que aquilo não dava pra alimentar ninguém).
Lá tinha 2 telões, mas eu acabei assistindo o jogo em pé numa TV de 14 pelegadas sem som no barzinho da tia onde garanti a alimentação do dia por apenas R$ 10, 00. Isso por que quando fui comprar a comida acabei perdendo meu lugar e quando começou o jogo a parada lotou.
Quando os erros de passe começaram a estrapolar o limite do aceitável eu fiz reclamações inflamadas, com direito a palavrão e tudo. Quando os brasileiros erravam eu gritava "putaqui'upariu!" e quandos os franceses chegavam perto do gol eu mandava "caraleow!". Tudo numa boa, eu não era o único. Mas vi que tinha um tio dentro do barzinho que toda hora olhava de cara feia pra mim por causa do meu jeito peculiar de torcer. Ele só era o presidente da agremiação. Logo, tive que assistir a porra do resto jogo caladinho, inclusive quando Henry fez o gol da vitória (francesa).
Acabou o jogo, eu fiquei olhando pra televisão meio sem acreditar, joguei a lata de cerveja no chão, me molhei todo e sentei. Tentei afogar as mágoas no samba de raiz que rolava na quadra, mas eu me sentia um peixe fora d'água pois eles só tocavam os sambas de quando a Portela foi campeã do carnaval do Rio. Isso aconteceu 21 vezes, mas há uns 30 anos antes de eu nascer (eu acho).
Já desanimado, eis que bate o sono. Não exitei em procurar um cantinho pra dormir. Acordei horas depois quando o show do Paulinho da Viola encerrara os festejos da noite. O pessoal continuou a festa lá fora, tinha mais samba. Mas pra mim já tinha dado. Resolvi ir embora às 22h e fui pra estação, onde estava tudo fechado por causa do jogo. Fui, então, pegar um ônibus ou van, mas depois de horas passando conduções para todos os lugares possíveis e imaginaveis menos para o meu bairro, resolvi fazer baldiação. Tive de ir pra Campo Grande e depois pra Santa Cruz. Isso prova a péssima condição do transporte público do Rio, onde os bairros mais distântes sofrem com a carência de opções, principalmente na volta pra casa.
Cheguei eram 2 h. A tempo de tomar um bom banho e dormir. Coisa que não fazia havia tempo, pois sai do PC direto para a quadra. Acordei domingo para almoçar mas antes da corrida (F1) acabar eu dormi novamente, para finalmente acordar às 20 h com uma ligação para sair e me divertir (já era tempo, né?). Aí sim eu acordei do pesadelo.
Conclusão: nunca mais assisto jogo do Brasil sem meu chinele verde-amarelo, na rua, em pé, bebendo cerveja, com torcedor adversário perto, de calça, de tênis, sem dormir e muito menos calado. Se eu tivesse continuado a fazer meus rituais pré-jogo o Brasil não teria perdido. Tenho certeza! Com toda essa história, fica claro que deixando as supertições de lado você sempre se ferra.
Neste post eu contei coisas da vida do Noel, coisa que não costumo fazer aqui, só para exemplificar como um superticioso acha motivo em tudo para qualquer desgraça (e dádiva também).
Noooossaaaa Romulo, isso foi uma epopéia. Rssss
Mas assim, se a seleção perdeu a tal worldcup por sua causa, parabéns, você é o meu herói. rsss
Posted by Anônimo | segunda-feira, 03 julho, 2006
Já corrigi o problema do link.
Já está linkado, Noel.
Posted by Anônimo | terça-feira, 04 julho, 2006