Diário de um Voluntário do Pan Rio 2007 - Parte 3 - Final
Acabou o Pan do Rio e junto minha memorável participação como Voluntário da organização dos Jogos na Vila Pan-Americana. Ontem, rolou uma festa organizada pelo CO-RIO especialmente para nós, Voluntários do Pan. Infelizmente eu não pude estar presente e perdi a chance de sentir pela última vez a maravilhosa sensação de fazer parte de algo tão grandioso quanto o Pan-Americano, de conversar provavelmente pela última vez com a maioria dos Voluntários que dividiram comigo esta missão, ter a confirmação de que realizamos um bom trabalho e ser mos devidamente parabenizados por isso.
Claro que a declaração do presidente do Comitê Organizador dos Jogos Pan-Americanos Rio 2007, Carlos Arthur Nuzman (que se for candidato a Presidência da República dará muito trabalho aos concorrentes), agradecendo aos voluntários pelo sucesso dos melhores Jogos Pan-Americanos da História, foi importante. Nunca me esquecerei daquela noite no Maracanã. Mas esta festa...
A VILA
Bom, agora não é hora de chorar o leite derramado e muito menos a festa perdida. Vamos então revelar fotos exclusivas da movimentação dos atletas na Vila do Pan na segunda semana do Jogos.
Tem ex-BBB eliminado na primeira luta (parece que tomou gosto pela eliminação), Melhor do Mundo no Futsal distribuindo simpatia na Vila, duas lindas e super-flexíveis ginastas mexicanas, duas lindas nadadoras brasileiras, um "cantador" cubano campeão no arremesso de dardo, comparação entre os restaurantes dos atletas e dos voluntários, campeões do vôlei fazendo campanha política, sessão de cinema, meninas do futebol em entrevista para o Jornal Nacional, veterana do Basquete, hermana apaixonada por voluntário brasileiro, homenagem aos atletas canadenses e um campeão das quadras sentindo-se um nordestino. Isso tudo somente no primeiro dos três álbuns que publicarei neste post.
Clique no álbum abaixo e contemple as fotos.
Vila Pan-Americ |
CERIMÔNIA DE ENCERRAMENTO
Nos aproximando do fim, temos as fotos da Cerimônia de Encerramento do Pan Rio 2007. Nós, voluntários, tivemos ingresso e transporte gratuítos para acompanhar a festa, assim como na Cerimônia de Abertura dos Jogos onde não estive presente e também me arrependo bastante disso.
O caminho da Vila até o Maracanã foi uma verdadeira festa dentro do ônibus. Os hinos dos principais clubes cariocas e o clássico "domingo, eu vou ao Maracanã", dominaram a parada de sucessos. Mesmo com tanta animação, eu não deixei de prestar atenção em uma coisa: a vista de Linha Amarela é terrível. Só de pensar que a maioria dos atletas, brasileiros e estrangeiros, viram tudo aquilo me fez compreender o por que de uma atleta americana do Vôlei de Praia de ter esculachado o Rio de Janeiro.
Voltando a parte boa, finalmente chegamos ao Maracanã e debaixo de chuva. Logo na chegada, encontrei o Vovô do Noel lá, figura o cara. Como fiquei alocado na Vila, eu não pude ir assistir aos jogos nas instalações, por isso tomei um suto quando voltei ao Maracanã depois de 8 anos. Está lindo e organizado. Como nunca. Tinha tanto tempo que eu não ia ao Maraca que eu já tinha até esquecido como era a vista da arquibancada. Prometi pra mim mesmo voltar ao estádio no próximo jogo que o Flamengo fizer lá.
Devido a chuva e ao alto preço dos ingressos, o estádio ficou longe de estar lotado. Mas o público que compareceu correspondeu ao brilhantismo da festa. Ver toda aquela gente cantando com vontade o Hino Nacional Brasileiro e gritar para todo o mundo que "eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor" é muito bom. É bom demais. Eu não resisti e gravei vídeos dos dois momentos e vocês podem assistí-los na playlist abaixo.
Estes dois foram, sem dúvidas, os pontos altos da festa. Mas não podemos esquecer do simpático coro de "Oi" respondido ao Presidente da Odepa, Mário Vázquez Raña. A resposta do público acabou forçando o mexicano a soltar um "hoche" na próxima frase. Foi muito engraçado. Ainda bem que Raña levou tudo com muito espírito esportivo, jeje (risos em espanhol).
O ponto fraco da festa foi a volta das vaias. Por mais que os políticos mereçam, esta novamente não era a hora. Mas estando lá tive certeza do que eu já presumia. As vaias proferidas eram mais um divertimento do que um protesto. Tenho certeza que vários eleitores de Lula, César Maia e Sérgio Cabral fizeram questão de aumentar o coro e não era exatamente por descontentamento com os três níveis de governo. Palhaçada. Em 2014 será a mesma coisa, podem a postar.
Modéstia a parte, eu consegui tirar ótimas fotos da Cerimônia. Mesmo com todos os problemas da minha nova câmera Sony W30. Eu não dou sorte com câmeras digitais, mas tenho talento de sobra para achar o melhor ângulo.
Confiram as fotos no álbum especial da Cerimônia de Encerramento do Pan Rio 2007 abaixo. Tem também fotos do ex-tenista Fernando Meligeni dando autografo a uma criancinha, do apresentador Marcelo Barreto do Sportv e do simpatissíssimo Luiz Roberto de Múcio, apresentador da Rede Globo, que fez questão de atender ao pedido de um fã voluntário mesmo estando atrasado.
Cerimônia de Encerramen |
ÚLTIMA FESTA NA VILA
Logo depois da Cerimônia de Encerramento do Pan, começava na Vila uma festa de confraternização para atletas, voluntários e funcionários. Muitos saíram antes mesmo do fim da cerimônia, para não perder um minuto se quer da festança na Vila. Último dia, última festa... Sabe como é, né?
Os voluntários estavam especialmente anciosos pelo início da "confraternização", pois no início da segunda semana dos Jogos eles foram proibidos de frequentar a Boite da Vila. Dizem a boca pequena que a causa da proibição foi a ação de uma voluntária mais animada, que teria levantado a blusa e mostrado os seios lá dentro. Bem seios por sinal. Quem foi a fulana eu não sei, só sei que foi assim.
Presumo que umas 3 mil pessoas tenham comparecido a tenda. O número de voluntários estava equilibrado com o de atletas, sendo que os atletas desta vez estavam muito mais animadinhos que os voluntários. A azaração nunca foi tão incisiva. Não era difícil ver voluntarias atracadas com atletas lá mesmo dentro da tenda ou no chamado "corredor do amor". A chapa estava quentíssima. Todos queriam se despedir da Vila da melhor forma. Algumas atletas canadenses, americanas, porto-riquenhas e brasileiras que o digam. Elas estavam impossíveis. Não é Maurren? Com todos aqueles corpos perfeitos fica difícil resistir mesmo.
Como 1 imagem fala mais que mil palavras, imagine 14. Infelizmente, a beteria da câmera acabou antes da festa esquentar de verdade. Mas as fotos que tirei já são suficiêntes para se ter uma idéia da situação. Confiram as fotos da festa de despedida da Vila Pan-Americana abaixo e sintam inveja. Muita inveja. hehe!
Festa para Atletas e Voluntario |
Um fato curioso e ao mesmo tempo muito gratificante ocorreu no final da festa, logo após a maioria dos atletas estrangeiros cansarem de xingar o DJ por ter desligado o som e os policiais da Guarda Nacional que mandaram ele fazer isso.
Eu já estava me preparando para ir embora quando um trio de porto-riquenhas me parou e disse: - "Hey, you! Thanks! Thank you for everything!"
Surpreso, olhei para elas com cara de quem não estava entendendo nada. Então elas não titubearam e mandaram: - "Gracias, amigo. Por todo. Por tuya nación y tu pueblo serem así tan allegros siempre. Estes fueron los mejores dias de toda mi vida. Gracias."
Eu continuei sem palavras. Não esperava mesmo aquilo. Só consegui respoder um "Gracias por nada. No era más que nuestra obrigación."
Também nunca vou esquecer disso.
O ÚLTIMO CÂMBIO
Como vocês já devem saber, o esporte mais praticado por voluntários, atletas e dirigentes nas dependências da Vila do Pan é o Câmbio, também conhecido com Exchange em inglês ou Troca em português. Cambiar consiste em trocar tudo o que você tiver por coisas que lhe enteressam - no caso as peças de uniformes das delegações. As mais procuradas eram as do Canadá, México, Cuba, Bahamas e Jamaica. O uniforme da delegação brasileira também era bastante procurado, mas os brasileiros não trocavam nada. Em raras excessões, davam. Mesmo caso do canadenses, donos dos mais lindos uniformes do Pan. Os cubanos e jamaicanos vendiam seus uniformes completos por 90 dólares. Já os mexicanos, eram os mais bons de onda. Lembro que a seleção mexicana de futebol, assim que chegou na Vila com suas medalhas de Bronze no peito, deu quase todas as suas peças para os voluntários. Alguns chegavam a andar só de cuecas pelos corredores do prédio.
Como eu também não sou bobo, corri atrás de meus uniformes de delegações. Encontrei um técnico mexicano de ginástica ritmica disposto a cambiar. Ele trouxe camisa, casado (ou chamarra) e calça (ou pantalon) para mim. Ou seja, o uniforme completo do mexico, em troca do meu uniforme completo de voluntário. Fiquei todo feliz. Até que resolvi vestir as peças e constatar que todas ficaram muito grandes em mim. Nunca fiquei tão puto por ser baixinho. Um outro voluntário colega meu ficou com todas as peças e eu voltei para casa com o mesmo uniforme de sempre... Merda.
CONCLUSÃO
Este é mais um texto gigante que publico depois de ficar vários dias sem postar nenhum. Pode parecer uma espécie de compensação, mas não é. Até por que sei muito bem que quanto maior os textos, menor é o número de corajosos que lêem até o fim. Justamente por isso, concluo o último post da série Diário de um Voluntário do Pan Rio 2007 explanando algo fácil de se notar: o Pan foi maravilhoso e ter participado do sucesso deste evento foi simplesmente inexxxquecível.
Tomara que o país aproveite este momento da melhor forma e que o legado deixado para a cidade seja utilizado visando o futuro do país.
Em 2014 tem Copa do Mundo no Brasil e em 2016 tem Olimpíadas no Rio de Janeiro. Mas uma coisa é certa: Guadalajara, 2011 estou aí!
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